As abelhas da espécie Apis mellifera foram introduzidas no Brasil em 1840, oriundas da Espanha e Portugal, trazidas pelo Padre Antônio Carneiro. Provavelmente as subespécies Apis mellifera mellifera (abelha-preta ou alemã) e Apis mel/ifera carnica tenham sido as primeiras abelhas a chegar em nosso país.
Em 1845, imigrantes alemães introduziram no Sul do País a abelha Apis mellifera mellifera. Entre os anos de 1870 a 1880, as abelhas-italianas, Apis mel/ifera ligustica foram introduzidas no Sul e na Bahia.
Não se tem registro preciso da introdução das abelhas no norte e nordeste do país, mas em 1845 Castelo Branco afirmava: “as abelhas do Piauí não têm ferrão”.
Naquele período, a maioria dos apicultores criava as abelhas de forma rústica, possuindo poucas colmeias no fundo do quintal, onde, em razão da baixa agressividade, eram criadas próximo a outros animais, como porcos e galinhas.
O objetivo principal da maioria dos produtores era atender às próprias necessidades de consumo. Em meados de 1950, a apicultura sofreu um grande baque em razão de problemas com a sanidade em função do surgimento de doenças e pragas(nosemose, acariose e cria pútrida europeia), o que dizimou 80% das colmeias do País e diminuiu a produção apícola drasticamente.
Diante desse quadro, ficou evidente que era preciso aumentar a resistência das abelhas no País.
Assim, em 1956, o professor Warwick Estevan Kerr dirigiu-se à África, com apoio do Ministério da Agricultura, com a incumbência de selecionar rainhas de colmeias africanas produtivas e resistentes a doenças. A intenção era realizar pesquisas comparando a produtividade, rusticidade e agressividade entre as abelhas-europeias, africanas e seus híbridos e, após os resultados conclusivos, recomendar a abelha mais apropriada às nossas condições.
Dessa forma, em 1957, 49 rainhas foram levadas ao apiário experimental de Rio Claro para serem testadas e comparadas com as abelhas-italianas e pretas. Entretanto, nada se concluiu desse experimento, pois, em virtude de um acidente, 26 das colmeias africanas enxamearam 45 dias após a introdução.
A liberação dessas abelhas muito produtivas, porém muito agressivas, criou um grande problema para o Brasil. O pavor desse inseto invadiu o mundo em razão de notícias sensacionalistas nas televisões, jornais e revistas internacionais, que não condiziam exatamente com a verdade, mas ajudavam nas vendas.
Nesse período, nenhum animal foi mais comentado em livros, entrevistas, reportagens e filmes do que as “abelhas assassinas” ou “abelhas brasileiras”, como eram chamadas.