Uso indevido de agrotóxico pode ter matado milhões de abelhas na Bahia

De acordo com análises preliminares realizado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Agência Estadual de Defesa Agropecuária (ADAB), o uso indevido de agrotóxico pode ter sido responsável pela morte de milhões de abelhas nos municípios baianos de Ribeira do Pombal, Nova Soure e Cipó. O agrotóxico fipronil, já associado à morte de 100 milhões de insetos no Mato Grosso, pode estar associado também a essa nova tragédia ambiental.

Em 5 de julho, a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) recebeu relatos de perda total em apiários de 26 apicultores baianos. Apenas em Ribeira do Pombal, cerca de 750 enxames de abelhas foram comprometidos.

Apicultores da área notificaram as autoridades e foram orientados a coletar amostras de abelhas mortas, cera e mel das colmeias afetadas. Em resposta, a ADAB analisou as primeiras amostras colhidas e encontrou moléculas de fipronil, um agrotóxico proibido em muitos países, incluindo os da União Europeia. No Brasil, quase não há retrições quanto ao Fipronil. Apenas o estado de Santa Catarina proibe a aplicação foliar do agrotóxico.

USO INDEVIDO DE AGROTÓXICO

De acordo com Jean Samel Rocha, diretor de pesquisa e inovação da Integrapis, o uso indevido de agrotóxicos é uma prática que causa sérios impactos negativos ao meio ambiente, à saúde humana e à biodiversidade. Agrotóxicos, também conhecidos como pesticidas ou defensivos agrícolas, são produtos químicos utilizados na agricultura para controlar pragas, doenças e ervas daninhas que podem prejudicar as culturas. “Nosso sistema de produção é dependente de agrotóxico e o principal problema é o uso indevido ou errado. Quando aplicados de maneira correta e responsável, podem ser uma ferramenta útil para aumentar a produtividade agrícola”, afirma.

Algumas das principais preocupações associadas ao uso indevido de agrotóxicos incluem:

  • Impactos ambientais: O uso excessivo e descontrolado de agrotóxicos pode contaminar o solo, a água e o ar. Essa contaminação pode afetar não apenas os organismos alvo, mas também outras espécies não destinadas ao controle, como animais silvestres, polinizadores e organismos benéficos para os ecossistemas.
  • Riscos à saúde humana: A exposição a agrotóxicos pode representar sérios riscos para a saúde humana. Trabalhadores agrícolas, pessoas que vivem próximas a áreas agrícolas e consumidores de alimentos contaminados correm o risco de desenvolver problemas de saúde, incluindo intoxicações agudas e crônicas, distúrbios neurológicos, câncer e problemas reprodutivos.
  • Resistência de pragas e doenças: O uso excessivo e inadequado de agrotóxicos pode levar ao desenvolvimento de resistência em pragas e doenças, tornando-os mais difíceis de controlar e exigindo doses cada vez maiores de produtos químicos, o que agrava o problema ao longo do tempo.
  • Declínio de polinizadores: Alguns agrotóxicos matam polinizadores, como abelhas e borboletas, que desempenham um papel crucial na polinização de culturas agrícolas e plantas silvestres. A morte em massa de polinizadores pode ter consequências graves para a produção de alimentos e a biodiversidade.
  • Contaminação de alimentos: Quando utilizados em doses não recomendadas, resíduos de agrotóxicos podem permanecer em frutas, legumes e outros alimentos, chegando à mesa dos consumidores. Isso levanta preocupações sobre a exposição contínua a essas substâncias e os possíveis efeitos negativos na saúde.

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